sexta-feira, 20 de novembro de 2009
AMIGO
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra«amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O´Neill
Sob a forma de mão apareceu a ternura,
um dia, no teu queixo.
Carícia. Parece para dizer, para ciciar,
mas é para fazer
com uma leve, sabedora, quase perversa
mão...
Com as duas mãos apodero-me de ti,
retomo o teu corpo e com ele me entendo.
Preciso dos outros (quem de mim precisa?).
Nos teus olhos vejo uma promessa nua.
A esperança está viva, a vida está certa:
guarda a minha mão, guardarei a tua.
Alexandre O´Neill
um dia, no teu queixo.
Carícia. Parece para dizer, para ciciar,
mas é para fazer
com uma leve, sabedora, quase perversa
mão...
Com as duas mãos apodero-me de ti,
retomo o teu corpo e com ele me entendo.
Preciso dos outros (quem de mim precisa?).
Nos teus olhos vejo uma promessa nua.
A esperança está viva, a vida está certa:
guarda a minha mão, guardarei a tua.
Alexandre O´Neill
domingo, 8 de novembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Não sei de que cor é essa linha
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre
onde se cruza a lua e a mastreação
mas sei que em cada rua há uma esquina
uma abertura entre a rotina e a maravilha
há uma hora de fogo para o azul
a hora em que te encontro e não te encontro
há um ângulo ao contrário
uma geometria mágica onde tudo pode ser possível
há um mar imaginário aberto em cada página
não me venham dizer que nunca mais
as rotas nascem do desejo
e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és.
Manuel Alegre
terça-feira, 21 de julho de 2009
sábado, 18 de julho de 2009
Iremos juntos sozinhos pela areia
Embalados no dia
Colhendo algas roxas e os corais
Que na praia deixou a maré cheia.
As palavras que disseres e que eu disser
Serão somente as palavras que há nas coisas
Virás comigo desumanamente
Como vêm as ondas com o vento.
O belo dia liso como um linho
Interminável será sem um defeito
Cheio de imagens e conhecimento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Embalados no dia
Colhendo algas roxas e os corais
Que na praia deixou a maré cheia.
As palavras que disseres e que eu disser
Serão somente as palavras que há nas coisas
Virás comigo desumanamente
Como vêm as ondas com o vento.
O belo dia liso como um linho
Interminável será sem um defeito
Cheio de imagens e conhecimento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sexta-feira, 19 de junho de 2009
Soneto de Montevidéu
Não te rias de mim, que as minhas lágrimas
São água para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais
Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvais.
Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me
Sempre esse manso adeus de quem agarda
Um novo manso adeus que nunca tarda
Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, ó anjo da guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.
Vinicius de Morais Nova Antologia Poética
São água para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais
Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvais.
Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me
Sempre esse manso adeus de quem agarda
Um novo manso adeus que nunca tarda
Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, ó anjo da guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.
Vinicius de Morais Nova Antologia Poética
Amor de tarde
terça-feira, 16 de junho de 2009
domingo, 10 de maio de 2009
A solidão
A noite abre os seu ângulos de lua
E em todas as paredes te procuro
A noite ergue as suas esquinas azuis
E em todas as esquinas te procuro
A noite abre as suas praças solitárias
E em todas as solidões eu te procuro
Ao longo do rio a noite acende as suas luzes
Roxas verdes azuis.
Eu te procuro.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Reza da manhã de Maio
Senhor, dai-me a inocência dos animais
Para que eu possa beber nesta manhã
A harmonia e a força das coisas naturais.
Apagai a máscara vazia e vã
De humanidade,
Apagai a vaidade,
Para que eu me perca e me dissolva
Na perfeição da manhã
E para que o vento me devolva
A parte de mim que vive
À beira dum jardim que só eu tive
Sophia de Mello Breyner Andresen
Para que eu possa beber nesta manhã
A harmonia e a força das coisas naturais.
Apagai a máscara vazia e vã
De humanidade,
Apagai a vaidade,
Para que eu me perca e me dissolva
Na perfeição da manhã
E para que o vento me devolva
A parte de mim que vive
À beira dum jardim que só eu tive
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 29 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
domingo, 19 de abril de 2009
quinta-feira, 16 de abril de 2009
segunda-feira, 13 de abril de 2009
"O que é que se pode perguntar das pessoas com palavras? O que vale a resposta que uma pessoa dá com palavras e não com a realidade da sua vida?
São poucas as pessoas cujas palavras correspondem por completo à realidade das suas vidas.
...adaptar à realidade com inteligência e cautela essa outra realidade inalterável, o carácter pessoal."
As velas ardem até ao fim de Sándor Márai
São poucas as pessoas cujas palavras correspondem por completo à realidade das suas vidas.
...adaptar à realidade com inteligência e cautela essa outra realidade inalterável, o carácter pessoal."
As velas ardem até ao fim de Sándor Márai
sábado, 4 de abril de 2009
sexta-feira, 13 de março de 2009
«Se quiseres que o teu filho seja bom, fá-lo feliz; se quiseres que seja melhor, fá-lo ainda mais feliz.»
«O segredo para suportar a dureza da vida ao longo dos anos é receber, na infância, muito amor dos pais»
«É possível que ninguém, nem os pais, possam fazer os filhos completamente felizes. O que é certo e seguro é que os podem fazer muito infelizes.»
In Somos o Esquecimento que Seremos de Héctor Abad Faciolince
«O segredo para suportar a dureza da vida ao longo dos anos é receber, na infância, muito amor dos pais»
«É possível que ninguém, nem os pais, possam fazer os filhos completamente felizes. O que é certo e seguro é que os podem fazer muito infelizes.»
In Somos o Esquecimento que Seremos de Héctor Abad Faciolince
O nosso corpo é a casa que guarda as lembranças mais esquecidas, mais rejeitadas, os sentimentos e emoções mais ocultos, mais reprimidos. Guardamos tudo isso nos músculos, nas fraquezas, nas dores nas costas, no pescoço, no rosto. Aqui, no meu corpo todo, guardo a minha história desde o nascimento até hoje.
O Yoga tem o poder de curar!Tranquiliza a mente, desenvolve a força de vontade e a auto-confiança, a conciência do nosso corpo, ensina a aceitar a dor e a direccionar toda a energia possível para a cura. Trabalha o que temos de mais subtil à medida que aperfeiçoamos a nossa sensibilidade e a nossa consciência.
Serve-nos como um mapa de nós mesmos, o qual nos dá recursos para, pouco a pouco, nos conhecermos mais profundamente.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
A felicidade não está em viver, mas em saber viver. A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade
Carlos Drummond de Andrade
Carlos Drummond de Andrade
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