domingo, 30 de março de 2008

Saber amar


Ah! como é bom saber amar alguém,
ter dentro de si aquele amor ardente,
amar com todo ardor que a alma consente
sem temer ser loucura, mal...ou bem.

Mas há quem se iluda, quem diga que ama...
frouxa luz de candeia que se apaga,
simples amor que esvoaça, que divaga,
deixa morrer no coração a chama.

Amor é tudo o que se dá feito ternura,
é ficar preso d´alguém sem amargura,
sem se sentir como ave em cativeiro.

É o encontro de paixões iguais...sentidas,
depois, duas almas numa só unidas,
duas vidas que se entregam por inteiro.

Maria Teodora

sexta-feira, 7 de março de 2008


«Corpo, não te lembres de quanto foste amado
Só; nem só dos leitos em que te deitaste;
mas também dos desejos que por ti
brilharam francamente nos olhares,
nas vozes palpitaram e que apenas
um acaso impediu e reduziu a nada.
Agora que ao passado já pertencem todos,
quase é como se tu, a tais desejos,
também te houveras dado - como eles brilharam,
lembra, nos olhos que se demoravam,
e como nas vozes palpitaram, lembra-te, por ti.»

Constantin Cavafy

Canção grata


«Por tudo o que me deste,
- inquietação, cuidado,
(um pouco de ternura? É certo, mas tão pouco!)
Noites de insónia, pelas ruas, como um louco...
- Obrigado! Obrigado!

Por aquela tão doce e tão breve ilusão,
Embora nunca mais, depois que a vi desfeita,
Eu volte a ser quem fui, sem ironia: aceita
A minha gratidão!

Que bem me faz, agora, o mal que me fizeste!
- Mais forte, mais sereno e livre, e descuidado...
Sem ironia, amor: -Obrigado, obrigado
Por tudo o que me deste!

Carlos Queiroz

O fundo do tunel


«Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.»

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 5 de março de 2008

Noite


«Quando pela noite chegas dissolvem-se as trevas
e eu partir não quero porque esta é a noite que ilumina o dia, canto do silêncio, eco subtil
no discurso do mundo.
Quando pela noite chegas é meu o teu amor, e a noite tarda doce como o mel.»

Ana Marques Gastão

domingo, 2 de março de 2008


Sorriso franco que um dia iluminou...
Doçura que ficou, terno coração
Que não chegou.
De corpo e alma aberta, sem reservas me mostro inteira
Desnudada, de alma transparente.