quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Cinzentos

Ao olhar uma opala meio cinzenta
lembrei-me de dois belos olhos cinzentos
que vi; haverá uns vinte anos

Durante um mês amamo-nos.
Foi-se embora depois creio para Esmirna,
para lá trabalhar, e nunca mais nos vimos.

Ter-se-ão desfeado - se vive - os olhos cinzentos;
ter-se-á estragado o belo rosto.

Memória minha, guarda-os tu tais como eram.
E, memória, o que podes deste meu amor,
o que podes traz-me de volta esta noite.

Konstandinos Kavafis