sexta-feira, 19 de junho de 2009

Soneto de Montevidéu

Não te rias de mim, que as minhas lágrimas
São água para as flores que plantaste
No meu ser infeliz, e isso lhe baste
Para querer-te sempre mais e mais

Não te esqueças de mim, que desvendaste
A calma ao meu olhar ermo de paz
Nem te ausentes de mim quando se gaste
Em ti esse carinho em que te esvais.

Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me
Sempre esse manso adeus de quem agarda
Um novo manso adeus que nunca tarda

Ao amante dulcíssimo que fiz-me
À tua pura imagem, ó anjo da guarda
Que não dás tempo a que a distância cisme.

Vinicius de Morais Nova Antologia Poética

Amor de tarde


É uma lástima que não estejas comigo
quando vejo que no relógio já são seis.
Podias chegar de repente
e dizer "então?" e ficariamos
eu com a mancha vermelha dos teus lábios
e tu com os risco azul do meu carbono.

Mário Benedetti

terça-feira, 16 de junho de 2009

Isto às vezes é tremendo porque a gente quer exprimir sentimentos em relação a pessoas e as palavras são gastas e poucas. E depois aquilo que a gente sente é tão mais forte que as palavras...

António Lobo Antunes Público 2004